Desde o surgimento da Internet, principalmente das Redes Sociais, vivemos num cenário onde o acesso à informação se tornou cada vez mais vasto e imediato. Em termos comunicacionais, a disseminação de conteúdo, que antes era monopólio de algumas empresas de difusão e mídia passou a ser democratizada, ou seja, qualquer cidadão com acesso à Internet pode produzir textos, imagens, notícias e vídeos. Por um lado, essa nova configuração é interessante pois abre um campo de atuação para profissionais de comunicação ou de outras áreas que queiram mostrar o seu trabalho, além do mais o receptor (aquele que recebe o conteúdo) tem a possibilidade de interagir, ser crítico com aquilo que lhe é apresentado e buscar outras fontes; por outro lado, este mesmo campo aberto permite que qualquer cidadão produza e compartilhe um conteúdo, independente da veracidade ou da ética impressa na mensagem.
A partir deste contexto surge de forma tímida a Educação Midiática, que tem como premissa ensinar educandos a utilizarem sites e redes sociais de forma crítica e responsável, além de promover o aprendizado da área de linguagens, dessa forma, é possível desenvolver com os alunos habilidades imprescindíveis para a era da informação que se baseiam em três pilares: ler, escrever e participar. A partir desses pilares os alunos aprendem análise crítica da mídia, autoexpressão por meio das linguagens midiáticas (áudio, vídeo e texto jornalístico), participação cívica, entre outras. Um exemplo de programa que trabalha em prol da Educação Midiática é o Educamídia, promovido pelo Instituto Palavra Aberta. No site é possível estudar a temática de forma fluída e sem complicações, também há documentos e vídeos para consulta e planos de aula para que o educador se inspire. Vale a pena conferir!
E por que devo promover aulas que objetivam a Educação Midiática?
Primeiramente quero devolver a pergunta para “ você se considera educado para as mídias?” a partir dessa questão vamos refletir em como as diversas linguagens midiáticas foram introduzidas em nossas vidas, pessoalmente, não me recordo de terem me ensinado a ser crítica acerca das mensagens que recebo dos diversos dispositivos midiáticos, muito menos a questionar as produções de comunicação em massa, lá pelos anos 90 haviam cursos que nos capacitavam para utilizar as máquinas mas não a interpretar todas as possibilidades que emergiram diante da transformação digital , isso falando no que tange os computadores, no que tange os smartphones, um aparelho disruptivo para a era da informação, só comprei e comecei a utilizar, assim como a grande maioria dos usuários desses aparelhos. Um dos resultados recentes? A disseminação irresponsável de Fake News, que passou a se configurar como crime cometido por quem produz e que fortaleceu a polarização de ideias e de grupos.
Este, é um exemplo recente de como a falta de conteúdo educacional para as mídias pode ser nocivo para a sociedade em que vivemos, afinal, a disseminação de Fake News não permanece na Internet! A partir disso as pessoas formam opiniões e as transpõe para o mundo real. Poderia também elencar outras questões que merecem nossa atenção no que tange educar para as mídias, como por exemplo, manipulação de manchetes para benefício de uma figura pública ou empresas, distorção do corpo real e a necessidade de aceitação, ansiedade por conta do imediatismo, cyber buliing e a deepweb (lado obscuro da Internet). São diversas temáticas que podem ser abordadas em atividades educacionais, curriculares ou não, afinal, engana-se quem pensa que o que acontece na web fica na web, coletivamente falando, a má utilização da mídia causa impacto direto na nossa sociedade e a implementação de ações de Educação Midiática se torna cada vez mais necessária para colaborar com uma utilização saudável e ética das diversas mídias que nos cercam!
Colunista Aplitech Foundation
Juliana Ferrari – Sou uma comunicadora apaixonada por educação, cultura e temas de engajamento social, que acredita no potencial da disseminação de conteúdo relevante e na educação de qualidade à todos para informar, formar, instigar o pensamento crítico e transformar pessoas, e consequentemente, a sociedade em que vivemos.